06 agosto 2006

Curso de Formação Africa-Europa para Organizações Juvenis

Em representação do ISU, e em especial do ISU Gaia, eu, Filipe Martins, participei no 4º Curso de Formação Euro-Africano para Organizações Juvenis - Participação Juvenil na Erradicação da Pobreza - que se realizou na Pousada da Juventude de Almada entre 23 e 29 Julho 2006. Este curso foi promovido pelo Centro Norte Sul do Conselho da Europa e participaram nele 14 líderes juvenis africanos, 15 europeus e 3 africanos a viver na Europa.
Como devem imaginar, a experiência intercultural foi fantástica e as aprendizagens foram imensas. Mas por este meio, aquilo que consigo partilhar convosco é o resultado mais concreto deste curso: uma Declaração que elaboramos em conjunto com o objectivo de afirmar os nossos compromissos no âmbito da participação juvenil na luta contra a pobreza e também com o objectivo de dinamizar a participação conjunta da juventude africana e europeia na Cimeira União Europeia - União Africana que se realizará no próximo ano em Lisboa. Então cá está a Declaração:

DECLARAÇÃO DOS PARTICIPANTES

4º Curso de Formação Euro-Africano para Organizações Juvenis
Participação Juvenil na Erradicação da Pobreza
Almada, 23 – 29 Julho 2006

No caminho da Cimeira União Europeia - União Africana

CENTRO NORTE-SUL DO CONSELHO DA EUROPA

Preâmbulo
Nós, os participantes no 4º Curso de Formação Euro-Africano para Organizações Juvenis – Participação Juvenil na Erradicação da Pobreza, financiado e organizado pelo Centro Norte-Sul do Conselho da Europa, com a participação de 16 países africanos e 14 europeus reunidos em Almada de 23 a 29 de Julho para consolidar estratégias e parcerias a respeito de temas, a erradicação, a acção da juventude nas relações Europa-África, bem como a integração harmoniosa da juventude, em processos de tomada de decisão nacionais e internacionais.
Associamo-nos ao esforço do Centro-Norte Sul do Conselho da Europa na erradicação da pobreza. Acolhemos satisfatoriamente os desenvolvimentos dos três cursos de formação precedentes, assim como as iniciativas da União Europeia, da União Africana e do NEPAD
Visto que se tem vindo a observar um crescimento da pobreza na Europa e em África, manifestada no emprego juvenil, afectando aspectos da saúde, especialmente o HIV/SIDA, falhas educacionais, diálogo intercultural inadequado, baseado em desequilíbrios constantes nas relações políticas e económicas entre o Norte e o Sul, que conduz a uma crescente interdependência entre as sociedades e a uma necessidade de criar uma relação de cooperação real entre a África e a Europa, baseada na igualdade e no respeito mútuo.
Tendo em conta que nos comprometemos a criar uma parceria com os responsáveis de instituições governamentais, de organizações não-governamentais, da comunidade internacional e da sociedade civil para trabalhar nas áreas da saúde, emprego juvenil, participação juvenil, educação e diálogo intercultural.
Desta forma, propomos que se implementem as seguintes medidas:

PARTICIPAÇÃO DOS JOVENS
É necessário que os jovens façam parte do processo do desenvolvimento e que sejam membros activos na sociedade civil. Esta participação significa a participação dos jovens nos processos de tomada de decisão. Assim, recomendamos a criação de uma plataforma para organizações juvenis de África e da Europa. Este fórum deve ser uma plataforma permanente, onde os jovens africanos e europeus se reúnam de uma forma frequente. Recomendamos também que se chame a atenção de jovens investigadores para questões práticas no que diz respeito à participação juvenil e à luta contra a discriminação étnica e racial.

EMPREGO DE JOVENS
O desemprego é um problema central em África e na Europa, afectando muitos jovens. Damos prioridade a estratégias que beneficiem a toda a comunidade e gostaríamos de implementar os projectos que envolvem o estabelecimento de centros comunitários de recurso. O uso de centros de emprego móveis é neste contexto vital para chegar às populações das zonas rurais e periféricas. Os jovens terão benefícios na formação em diversas áreas de trabalho prático através de trabalha em rede e de lobbying ás instituições, bem como na pesquisa sobre formas empoderamento da juventude. Os governos deverão apoiar o empreendedorismo dos jovens e os micro-projectos. Devem ainda colocar-se em prática, planos de acção a longo prazo no que diz respeito ao desemprego dos jovens e o mercado de trabalho deve gerar políticas laborais claras.

HIV/SIDA
Hoje em dia, o HIV/SIDA é uma das principais preocupações do mundo e a sua propagação está muito ligada à temática da pobreza. Verificamos a necessidade de travar a pandemia HIV/AIDS através de uma aproximação pró-activa, com base na co-responsabilização juvenil neste tema. Isto significa analisar cada situação, conhecimentos e capacidades próprias dos afectados, com o objectivo de pôr fim ao HIV/AIDS, a um nível local. Propomos também a criação de campanhas de sensibilização eficazes sobre práticas seguras de saúde, estereótipos e aumento do acesso à medicação. Vincamos ainda a importância de adoptar uma abordagem sistemática, bottom-up. Propomos o estabelecimento de um fórum comum onde os jovens de África e da Europa possam reunir-se e trocar conhecimentos e experiências sobre o HIV/SIDA. Além disso, propomos igualmente a criação de mais centros de investigação e despistagem, particularmente em África.

EDUCAÇÃO
Reconhecemos a educação como a base para o desenvolvimento de uma sociedade; a cooperação na educação é crucial para relações sustentáveis e para a compreensão entre as sociedades. Consequentemente, é importante dar um maior destaque e promover a cooperação na área da educação formal e não-formal nas relações euro-africanas. E a introdução do conhecimento dos jovens e das suas ideias no currículo escolar e nas políticas da escola. A cooperação desenvolvida na educação não formal iria permitir, não só a criação de uma compreensão intercultural mas também, que os jovens abordem e resolvam problemas comuns como membros responsáveis e produtivos nas suas sociedades. O intercâmbio de estudantes e de professores permitiria a troca do conhecimento e da consciência crescente da cidadania global. Parcerias entre escolas de ensino básico e secundário permitiria que as escolas em África e na Europa desenvolvessem acção conjunta na resolução de problemas e intercambiar experiências de sucesso. Para que haja uma cooperação sustentável nas áreas institucional e internacional da educação, devem ser criados recursos e fundos acessíveis, representativos das necessidades dos jovens, de forma a promover a cooperação na educação formal, não-formal e informal ao nível euro-africano.

DIÁLOGO INTERCULTURAL
O diálogo Intercultural deve criar espaços de igualdade para pessoas de culturas diferentes, de forma a poderem conhecer-se mutuamente valorizar as suas diferenças, reduzindo preconceitos e discriminação (podendo mudar a forma como vemos o mundo). O reconhecimento de que a educação e os meios de comunicação social desempenham um papel muito importante na formação das novas gerações e nas suas escolhas e acções futuras. Através da compreensão e empatia mútuas, acreditamos que é possível construir um mundo melhor.
Com o objectivo de incentivar os diálogos interculturais em África e na Europa e entre ambos, propomos o aumento de programas de intercâmbio de jovens que ajudarão a aumentar espaços de diálogo e de cooperação entre estudantes africanos e europeus e a sociedade civil, enquanto promoção da produção de conhecimento intercultural e a ligação dos jovens na sociedade civil. O estabelecimento de padrões mínimos de “Representações de Diversidade” na educação e nos media, a fim de impedir extremismos na educação e nas sociedades civis. Propomos ainda a promoção de espaços nas escolas, com base na educação, utilizando recursos da comunidade para incentivar ao diálogo e aprendizagem intercultural, a fim de criar uma maior compreensão e desenvolver estratégias de acção colectivas sobre assuntos de interesse das comunidades locais.

Conclusão
Comprometemo-nos a manter um diálogo contínuo e a aumentar a cooperação entre as organizações de jovens de África e da Europa e temos a certeza que o Centro Norte-Sul do Conselho da Europa apoiará a execução das nossas propostas. Comprometemo-nos ainda a continuar os vários projectos apresentados e sua implementação.
Convidamos todas as partes interessadas na sociedade civil, em particular os jovens e todas as organizações juvenis para se juntarem a nós e desempenhar um papel activo na construção de uma sociedade melhor.
Por fim, pedimos a todos os governos, à comunidade internacional e a todas as organizações não-governamentais que apoiem o nosso esforço determinado no combate à pobreza.

1 comentário:

Anónimo disse...

intiresno muito, obrigado